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pequeno tratado do desterro
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aqui tem muito
de tudo. tanto
de tudo que
o coração parece
estourar.
e meus olhos abandonaram minha face e a órbita dos meus olhos e minha boca costurada por dentro com tripa de cavalo pardo
e fotos esquecidas de minha boca e meu nariz afundado em areias brancas de praias lunares de meu nariz e minhas orelhas cortadas
em v polvilhadas em feijão de corda cru de minhas orelhas
aqui tem muito
de tudo. tanto
de tudo que
meu coração arrancado
voou longe.
"viver é hereditário"
amália brandão de souza, psicografada por souzalopes
tome suas centenas de causos de volta
sua intolerância e sua impaciência
todas suas certezas e convicções
seu prestígio não reconhecido
sua genialidade e seu brilhantismo
e todas as suas soluções
de nada valem para mim...
e seja bem-vindo.
você ficou muito tempo
longe do mundo:
o mundo sentiu sua falta.
eu,
alumiado no centro do mundo
e mesmo assim foste às compras
não havia fósforos de papel
ou espumas prontas
retornaste
com a dignidade poupada
no bolso esquerdo do vestido
(aquele não
costurado).
decepção.
uma grande decepção.
o que sinto não passa de uma enorme
e vazia decepção.
à parte isto, tudo vai bem
poderiam as pessoas se respeitarem mutuamente
plenamente os serviços - quem diria - funcionarem
e ao menos em sonhos prestarem os devidos
indícios do que se prestam fazer
mas não. insistem nas assimetrias -
o cigarro no ônibus, o assento duplamente ocupado com bagagem, o lixo deixado para trás, o espaço alheio invadido, descompromisso,
inassiduidades
chega! estou cansado de gente estúpida!
pensara estúpidos apenas ali ou além... não!
estúpidos há em toda a parte, de todas as nacionalidades, cores, credos, gostos, desgostos, descredos, descores,
desnacionalidades: despessoas.
e tudo não passa de uma grande decepção.
uma enorme e vazia decepção.
imensurável, incontrolável, imutável
decepção.
foges da dor maestro
pasto seco e nobre.
cobre a tua face fosca
pessoa de pouca sorte.
a morte não escolhe
pobre para um trote.
garrote serrote faca
nada muda o mote.
ainda morre-se por comida:
milícia-nos ao céu.
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poesia, literarura & afins
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