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lançar

Lançar

 

Lançar as palavras

no quarto vazio

apalpando os

objetos sem sentidos.

Lembrança

 

Da lembrança do mar

Da  sua visão

Antes eu via um telhado  vermelho

e  árvores verdes

com cinco pombas baratinadas

ronronando

pelo céu azul

pelo mar azul

 

 

Xamã

 

Xamã chama alma amiga agora

 

O tamandúa agarrou a flecha em seu peito

e  rápido como o arco do violino

pôs-se a soluçar de compaixão

 

O caçador trocou seu cocar e impune

está a dançar na grande lua

 

Silvos ,apitos chocalhos e pandeiros

É estardalhaço na floresta trópicalíssima

Ventos e

         Funestas idéias

         enfurnaram os totens

Trogloditas esculpiram

Tacos de beisebol e jogam

escalpos pelos campos arenosos

 

Miçangas contam ganhos

         na montanha que reluz

No mugido do boi

O jacaré vai parao céu,.

 

 

Agora

 

Agora que desaprendi dum saber

 

Amoroso, quase sanguíneo, meu

 

Coração brota em todo jardim

 

Criando luz

 

Cravado de rosas e espinhos.

 

Nãodor nem quereres

 

Nem lamentos

 

olhar, lacrimejava

 

E uma língua lambe lambia o caldo

 

Quente da dor do amor de amar.

 

 

Tapete

 

Debaixo do tapete/ um assoalho

 

Acostumado com coisas estranhas

                                 debaixo do tapete

 

Restos encontrados

 

Coisas encostadas

 

Outras escondidas

                                 são sons sãos/sons são sãos

 

De tanto passear os pés o tapete saiu pela janela

 

Antes, batia-se nos cantos livrando-se de tudo

                                 grande

 

é o entulho

                                 os insetos insignificantes

                                 mortos e desprezados

 

Alguém conte o que puder sobre o tapete mágico.

 

 

O Homem

 

O homem em grupo

 

são hienas

 

 

Riem, hienas

 

Inumanas

 

 

Mestre do vôo

 

As aves rapinas

 

 

Nem iguanas são iguais

 

Alaridos, sons florestais.

 

 

Kurosawa

 

O japonês sentado nas nuvens

 

Um homem de olhar

 

oblíquo

 

olha, um olhar que filma

 

                     pássaros e meninos que soluçam

 

e murmura algo

 

e fitar parece possível

 

neste momento ver outro ser

 

                     filmado por grandes olhos

 

castanhos

 

de um olhar

 

 

Não Ter

 

Não ter o que fazer com as idéias

 

É ficar tentado ao descontentamento

 

A uma pesada rotina

 

A acalentar paralelepípedos corcundas.

 

Pensamentos lângüidamente pendurados

 

Amadurecendo a força

 

Também acabam tendo o seu domingo.

 

 

Zen

 

O zen

 

Faz com que eu mova

 

Quando diz não

 

O zen

 

Faz com que eu não me mova

 

Quando diz sim

 

 

 

Você não precisa fazer nada

 

Terremotos, furacões, inundações e governos

 

Sua casa pode ruir, sua cabeça explodir, e você

 

Não pode fazer nada.

 

 

Abolir

 

Abolir detalhes inúteis

 

e ficar com o essencial

 

E ai de mim !

 

Que restará desses quereres

 

Destes bólides que zumbem !

 

 

Urge!

 

Urge, as contrações pélvicas

Tornam-se absolutamente necessárias

 

 

 

Uma Boca

 

Uma boca beijada, nú

No meu cartão, que veio

De tão longe

Acerta em cheio meu pescoço.

É carmim, encarnada

Escrachada em mim

 

Que me beije essa boca

Oras !

Entra agosto, e talvez

O mês do cachorro louco

Uive.

 

 

O Vagabundo Conta Casos

 

Catei palavras torturadas

 

Jogadas no lixo

 

Raspei limpei e enxagüei

 

Coloquei-as estendidas no varal.

 

Estão límpidas. O sol convém

 

E são estas as palavras recuperadas;

 

Britadeira cacareco

 

Lesma verde antena parabólica

 

Sim, Deus bocejou dois ciclones

 

Eu te amo

 

Que catzo é isso por a fora

 

 

Salvador

 

Salvador, dali donde estou, que será ?

Os cavalos correm com suas crinas ao vento

Nãotréguas

para os homens que pedem-na

e que coçam seus parcos cabelos de uma mente sofrida

 

Os cavalos voam como pégaso

Ícaro voa

O Anjo salta aos olhos do crente

Meu delírio no vôo da borboleta

 

 

Tem

 

Tem em seu poder

Palavras ásperas

Dentro de seu peito

Chispas faíscantes

Joga fora a potente arma soturna

Temores são abrandados, encontra a justa forma

Faça jus !

 

Aos injustos

 

As navalhas

 

As medalhas.

 

 

Seis Porcos

 

Seis porcos suculentos

Guardados na dispensa do armário

Onde tudo é frio

Onde tudo se conserva

E o espírito é denso e navegável

Esqueça a feijoada

Que fazem ao corpo nenhuma arquitetura

Do que não e nada é capaz

 

Agora esconde todos os saberes, para não perder o

futuro

Animal das costeletas, e os lombos

Toucinhos, pés, rabos orelhas e pernil

e todos os nomes, Francis bacon.

 

 

Mariposas

 

Ao fundo uma forma feminina

 

Uma luz suave contorna seu corpo

 

E faz caricias em seu dorso

 

Ela me chama e sinto seu hálito

 

 

Estou próximo, cavalga sobre mim

 

Beijando minha boca e dando de comer a um faminto

 

Sob o vôo intenso das mariposas.

 

 

Quando

 

Quando eu meto as mãos pelos

Pés

Uma mulher de infinita sedução diz,

Sou fatal

 e uma penca de bananas

amadurecem a força.

 

 

O Homem Bom

 

O homem bom

Envelheceu

E com ele a bondade

ficou

o homem bom é um

poema in-útil


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