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ensaio de canto

A queda dos chapéus

veio do vento.

- ninguém se curve -

 

 

        VIAJANTE  

 

Vejo este povo espalhado pelos lugares

onde muda de cor e feição mas muda nunca a explorada

na esperança do resistente olhar que desafia o descaso :

“há uma recompensa para o justo

 sim, há um Deus que julga na Terra.”

 

O peito aparta a dor desta minha gente

- que caminha descalça na terra do chão -

mostrar seus costumes onde planje cega justiça

feita pela lei do homem que não mata a fome que mata

neste lugar onde o orgulho é ferido.

 

Não sinto peso de estar distante

onde tange caminho de luta sobra rastro e dor

ceifando chão onde morre desejo vem o destino

indicando naquela que leva e trás

o passo a passo errante que empurra:

vai caminhar!

 

 

                 CÂNTICO

 

Quem aprendeu o amor, mãe

sem objeto de culto feito por mãos indignas de homens

menos dignos que martirizam em nome do alto?

 

Ensina pela humildade, mãe

que céu não é intrépida doença

que fere e range na roda do tempo

e torna lenta e dolorosa ao homem de pedra

sua transformação ao eterno.

 

Tyoca partiu
Nelson
Marreco
seguiu
pouco antes
de Gumercindo.

Houve
um hiato
e
Ilma preencheu
este tempo

indo Alzira
logo depois que chamou
Isaura
que
aguardou e deu
a
mão à Mario que foi em seguida

acompanhado pela alegria de Vera.

Kitiro
com a calma dos anos

observou a
tudo
e esperou
sua hora.


               FILHAS 15 ANOS

 

Alerta! Vem no vento e noticía :

neste mágico momento é aberta uma porta

e a vida é fada que transforma em luz

a cambalhota do palhaço que sorri.

 

Ainda trás curiosidade no maroto olhar

que sonha alegria no limiar do segredo

onde mora a mulher e se esconde a menina

que ganhou de presente a vida.

 

 

                * * *

 

    O tempo do amor é quando

    sou quem sou e és quem é.

    - meus sonhos não te dizem respeito -

 

 

                  PAIXÃO

 

a paixão faz fogo rasteiro como queima pasto seco

e arde a febre na renhida luta que afoita atiça

e decanta na dormência do fino fio que nos separa.

 

Cuidado, o fogo é fátuo se consome

vira de ombros o sonho do destino

faz morada nas asas do vento e trás na brisa

um sopro frio como o hálito da morte.

 

                Primeiro beijo dado

                sabor e pecado.

                - pedra atirada -

 

Como o sonho busca seu sono Carla

busco palavra que fale de amor

onde o verso tateia seus caminhos

experimenta o gosto do paraíso onde você repousa

e brota da fonte um desejo de gozo

de cheiro de tato e pele de além do corpo torpe.

 

Quem sabe o motivo do amor?

Que assemelha ao fecundo feto de afeto

que faz passar o tempo suave e trás no peito a certeza:

quando sonho te toco.

 

 

                 TROÇA

 

Empresta seu ouvido - não comente - é segredo

quando revelado vira boato

pai do degredo.

 

Esta mentira deslavada

ludibria o tinhoso

engana a indesejada.

 

Escuta agora o que sai do coração:

não te amo mais

não!  

 

 

                ESGUEIO

 

muito seu olhar me persegue e

que nesta terra caminho com respeito

terra que foi de pai de pai e será dos filhos dos filhos

e coração dos outros não é terra que se pise

repete a anciã.

 

Vieram numerosos e vestidos para festa

brincando de mãos dadas nos dedos da morte

nos trouxeram fome e doença

e estupraram mulher e terra

cerceando a liberdade de trilhar os caminhos

onde mãe de mãe contava para as filhas das filhas

a nossa história.

 

muito te olho e vigio

tentando enxergar nos seus olhos

se é igual aos que aqui chegaram.

- o que quer você que me espreita? -

 

 

                 NICOLAU

 

Tem o olhar nas lâmpadas que delineiam o contorno urbano

 

- escapa do peito um suspiro cansado -

 

observa absoluto repasto da minoria

 

que na festiva noite ignora raiva e fome

 

descortinando a janela e cerrando a porta da rua

 

rua onde morre o menino que depois mata o homem.

 

Entre doentes e excluídos desaparece errante

 

pelos hirtos objetos que movimentam as ruas da cidade.

 

Em agonia e êxtase vomita a boa nova :

 

é natal e eles ainda não sabem.

 

 

                PRECE

 

Tão angustiado estava

que brotou do peito suas palavras:

“é a última réstia de luz

no combate à escuridão

que nos devolve a alvorada.”

 

Me sua bênção

sou servo, não senhor.

 

                              

                               * * *

 

                O que é feito dos velhos amigos?

                Terão mesmo sorte?

                são velhos os velhos amigos.


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